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BRASÍLIA — O ex-presidente Jair Bolsonaro foi preso na manhã deste sábado, 22 de novembro de 2025, pela Polícia Federal (PF), em cumprimento a um mandado de prisão preventiva expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão, que converte a prisão domiciliar em regime fechado, foi motivada por um alerta de violação da tornozeleira eletrônica e pelo risco de fuga do réu, que já foi condenado a 27 anos e três meses de prisão na ação penal da trama golpista.
A violação do equipamento de monitoramento eletrônico foi registrada à 0h08min deste sábado, sendo um dos principais fatores que levaram o ministro a determinar a custódia. Em relatório, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seap) confirmou que o ex-presidente tentou avariar o aparelho com um ferro de solda, alegando “curiosidade”.
Moraes fundamentou a decisão citando o risco iminente de fuga para evitar a execução da pena, que se aproxima com o fim dos recursos. O ministro destacou que o condomínio de Bolsonaro fica a apenas cerca de 15 minutos de carro da Embaixada dos Estados Unidos e que as investigações já revelaram um antecedente de planejamento de pedido de asilo em representação diplomática.
Além da violação da tornozeleira, a decisão também apontou a vigília de orações convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) nas proximidades da residência, na noite de sexta-feira (21), como um fator de risco. O ministro considerou que a mobilização de apoiadores poderia facilitar uma eventual fuga e dificultar a fiscalização da prisão domiciliar, caracterizando uma tentativa de obstrução da Justiça e risco à ordem pública.
“A informação constata a intenção do condenado de romper a tornozeleira eletrônica para garantir êxito em sua fuga, facilitada pela confusão causada pela manifestação convocada por seu filho”, afirmou Moraes na decisão.
O magistrado ainda mencionou o precedente de outros condenados e réus da mesma trama golpista, como a deputada Carla Zambelli e o ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem, que deixaram o país para evitar a prisão.
A Polícia Federal chegou ao local por volta das 6h, em um comboio discreto. O ministro Moraes determinou que o mandado fosse cumprido sem o uso de algemas e sem exposição midiática, respeitando a dignidade do ex-presidente. Segundo aliados, Bolsonaro estava “soluçando, mas sereno” no momento da prisão.
Após ser detido, Bolsonaro foi levado à Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal. Ele ficará em uma sala reservada de cerca de 12 m², com cama, banheiro privativo, frigobar e ar-condicionado. Moraes também ordenou que o ex-presidente receba atendimento médico em tempo integral e em regime de plantão na carceragem.
A defesa de Jair Bolsonaro, por meio dos advogados Celso Vilardi e Paulo Bueno, reagiu com “profunda perplexidade”. Em nota, negaram o plano de fuga, alegaram que a prisão está “calcada em uma vigília de orações”, um direito constitucional, e que a tornozeleira, por si só, já é uma humilhação. A defesa afirmou que irá apresentar os recursos cabíveis contra a decisão, que também rejeitou o pedido de prisão domiciliar humanitária feito na véspera, citando os problemas de saúde do ex-presidente.
A prisão de um ex-presidente condenado por tentativa de golpe de Estado rapidamente polarizou o cenário nacional. Manifestantes favoráveis e contrários a Bolsonaro se reuniram em frente à sede da Polícia Federal em Brasília. De um lado, houve comemoração e gritos de “Justiça”; do outro, deputados e apoiadores classificaram o ato como “perseguição política absurda”.
A imprensa mundial também noticiou o evento com destaque, com jornais de diversos países repercutindo o fato inédito na história política brasileira. A audiência de custódia do ex-presidente está agendada para este domingo (23), e a Primeira Turma do STF deve julgar, em sessão virtual extraordinária convocada pelo ministro Flávio Dino, o referendo da decisão de prisão preventiva na segunda-feira (24).