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As irmãs Heloísa e Helena, gêmeas siamesas unidas pela cabeça (craniópagas), passaram pela segunda cirurgia no último sábado (8), no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP-USP).
Nascidas em janeiro de 2024, em São José dos Campos (SP), elas têm apenas 1 ano e 11 meses e já enfrentam um delicado processo médico que deve culminar na separação definitiva em 2026.
O procedimento, que durou cerca de dez horas, começou às 7h e terminou por volta das 17h, mobilizando mais de 50 profissionais da saúde. As meninas permanecem internadas na UTI Pediátrica do HC Criança, onde recebem cuidados intensivos e devem ser transferidas para o quarto nesta quarta-feira (12).
Sob a coordenação do professor doutor Jayme Farina Júnior, as gêmeas passaram pela segunda de cinco cirurgias programadas.
Segundo o médico, esta fase foi a mais delicada até agora, pois envolveu a separação parcial dos tecidos cerebrais. “Atingimos 50% da meta prevista, e as meninas reagiram muito bem”, afirmou Farina Júnior.
A terceira e quarta etapas estão previstas para fevereiro e março de 2025, quando serão implantadas bolsas extensoras e feita a reconstrução óssea.
A cirurgia final, que marcará a separação completa de Heloísa e Helena, está prevista para ocorrer entre junho e julho de 2026.
O processo é resultado de mais de um ano de planejamento, envolvendo projeções de realidade virtual, exames de imagem avançados e modelos tridimensionais (3D) que simulam o crânio das meninas.
De acordo com o neurocirurgião Rubens Machado, o formato mais estreito das laterais da cabeça das gêmeas tem favorecido o mapeamento das áreas a serem operadas.
A primeira cirurgia, realizada em 23 de agosto, teve duração de oito horas e representou 25% do avanço necessário para a separação total.
Os pais das meninas, Amarildo Batista da Silva e Claldilene Aparecida dos Santos, estão morando provisoriamente em Ribeirão Preto, onde permanecerão até o fim do tratamento e durante o período de reabilitação.
Farina Júnior destacou o papel da família no processo: “A força emocional dos pais e o apoio da equipe são fundamentais para o sucesso de cada etapa.”
Este é o terceiro caso de separação de gêmeas craniópagas atendido pelo HC de Ribeirão Preto, referência nacional nesse tipo de procedimento — considerado extremamente raro, com incidência de um caso a cada 2,5 milhões de nascimentos.
O primeiro caso, em 2018, foi o das irmãs Maria Ysadora e Maria Ysabelle, hoje com 9 anos, que vivem no Ceará e levam uma vida normal.
O segundo, em 2023, envolveu as gêmeas Allana e Mariah, de Piquerobi (SP), separadas após uma cirurgia de 27 horas que contou com mais de 40 profissionais.
Nos Estados Unidos, um procedimento como esse pode custar cerca de R$ 9 milhões. O trabalho pioneiro realizado em Ribeirão Preto conta com equipes altamente especializadas e estrutura pública de ponta, reforçando o papel do SUS e da ciência brasileira em favor da vida.