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A música brasileira perdeu uma de suas vozes mais roucas, autênticas e marcantes. A cantora e compositora Angela Ro Ro morreu nesta segunda-feira (8), aos 75 anos, no Hospital Silvestre, na Zona Sul do Rio de Janeiro, onde estava internada desde junho para tratar de uma infecção pulmonar. A informação foi confirmada por sua assessoria.
Internada há meses, a artista havia passado por uma traqueostomia. Já em maio, em um comovente apelo nas redes sociais, Angela clamou por ajuda financeira, revelando a gravidade de seu estado de saúde. Em um vídeo onde aparecia com dificuldade para falar, ela detalhou que lutava contra uma infecção no sangue e uma suspeita de câncer, condições que, segundo ela, não tinham “perspectiva de cura”.
“Sem perspectiva de alta ou cura para trabalhar, humildemente peço ajuda a vocês. Qualquer valor será bem-vindo!”, escreveu na época, compartilhando sua chave PIX.
Uma carreira marcada por sucessos e quebra de tabus
Nascida no Rio de Janeiro em 5 de dezembro de 1949, Angela Maria Diniz Gutiérrez ganhou o apelido que se tornaria famoso ainda na infância, por conta de sua voz rouca e singular. Sua trajetória é um retrato de resistência e talento. Antes da fama, morou em Londres, onde trabalhou como faxineira, garçonete e fazia pequenas apresentações em pubs.
Seu talento começou a ganhar os holofotes ao participar do álbum ‘Transa’, de Caetano Veloso, em 1971. Contratada pela então Polygram, lançou seu disco de estreia homônimo em 1979, um marco que já continha clássicos instantâneos como “Amor, Meu Grande Amor” (parceria com Ana Terra), “Simples Carinho”, “Tola Foi Você” e a explosiva “Agito e Uso”.
Dona de um estilo visceral e uma presença de palco inconfundível, Angela Ro Ro se consagrou como um dos principais ícones dos anos 80. Seu álbum “A Vida é Mesmo Assim” (1984) é até hoje lembrado como um de seus maiores trabalhos. Sua importância foi tamanha que a revista Rolling Stone a elegeu uma das 33 melhores vozes da música brasileira.
Pioneira e símbolo de liberdade
Além da música, Angela Ro Ro foi uma verdadeira pioneira. No início da década de 80, assumiu publicamente seu relacionamento com a também cantora Zizi Possi, tornando-se uma das primeiras artistas de grande visibilidade a fazê-lo e uma porta-voz fundamental na luta contra o preconceito e pela visibilidade LGBTQIA+.
Sua vida pessoal, incluindo batalhas superadas contra vícios e polêmicas que ela mesma enfrentou com sua personalidade forte, sempre foi tão pública e complexa quanto sua arte, compondo a figura da artista completa, visceral e inesquecível que ela era.
Com mais de 424 mil ouvintes mensais no Spotify, sua música permanece viva, ecoando sua enorme contribuição para a cultura nacional. Angela Ro Ro se foi, mas sua voz rouca e seu piano ficam para sempre como um patrimônio do Brasil.
Ouça Angela Ro Ro e os maiores sucessos da música brasileira na programação da Rádio Nova Ribeirão.